Publicado por: erickpingado | 03/05/2010

Teme’

Hoje percebi que a pré produção do curta Teme’ está decolando.
Fechamos a parceria Café Pingado Filmes, Teatro Invertido e OsConectores.
Isso vai dar samba! Melhor, curta!

Então resolvi deixar o argumento aqui:

Em uma casa escura vivem vários artistas: um palhaço, dois músicos, uma bailarina, um malabarista, uma ceramista, um personagem de teatro expressionista (ator), um poeta e um promotor público. Este último, andando pelos caminhos do mal errante, decidiu-se juntar aos outros para a ceia, mas agora também será chamado de artista.
Todos os artistas estão sujos e os rostos sem expressão. O palhaço anda perdendo a tinta e, ha muito, a graça o deixou. Os músicos não cantam ou tocam, um deles carrega um baixo acústico. O malabarista pendurou as massas no pescoço, a bailarina anda com a roupa rota e rasgada. O ator está com a maquiagem carregada. O promotor público. Este descobriu que o nome de sua função vem da palavra hebraica Satan, e por assim ser, juntou-se aos semelhantes.

A Pesquisa

1) Inspiração Bíblica para o personagem do Promotor/crítico

No livro de Jó, o Satan, ou promotor público, faz uma aposta com Deus que resulta em tirar de Jó toda sua abonança e dar-lhe pragas na pele para que sua fé seja testada. O Satan é, ao mesmo tempo, aquele que agride em nome de Deus, mas também o único que pode levar a palavra do homem ao Pai. No filme ele também está inapto, não tem forças porque não tem a quem criticar. O promotor público é aquele com o poder da lei, na classe artística, o crítico.

2) Da palavra ao barro.

O Golem é um ser da lenda judaica feito de barro. Ele ganha vida após palavras mágicas serem sopradas em suas narinas ou colocadas em sua boca ou peito (há versões onde as palavras são escritas na testa do monstro). Ele é usado para defender os judeus contra as ameaças externas. Por sua vez, o Golem perde o controle e tem que ser desfeito. O Golem é uma figura que aparece no Tamulde e vem sendo reescrita ao longo do tempo em versões de literatura, artes plásticas, cinema e etc. Uma conhecida versão do Golem é o filme expressionista e anti-semita do diretor Paul Wergener.
A palavra ‘Emet, em hebraico significa verdade, e são as palavras que quando recitadas ou sopradas dão vida ao Golem. A palavra verdade tem, ao mesmo tempo, forte ligação com a palavra morte, em hebraico Met. O título do filme assume uma postura política de crítica à gestão cultural da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. A idéia é a verdade para contrapor a morte, a morte criativa, artística. Por isso o filme se chama Teme’ anagrama de ‘Emet (ou a palavra ao contrário). Sem contar que teme é a primeira pessoa do indicativo presente do verbo temer. O que faz uma alusão aos artistas enclausurados pelo sistema que temem participar de manifestos.


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